quinta-feira, 31 de março de 2011

Modulo 5 da CF à Distância

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FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA
“A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22)
Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal Ipiranga
CURSO DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA A DISTÂNCIA
MÓDULO 5 - 5ª. Semana – JULGAR:
Caro(a) cursista,
Estamos na quinta semana de capacitação!
Inicie sua reflexão colocando-se em atitude de oração, abra-se para o Espírito de Deus e medite: “No
sétimo dia, Deus concluiu toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia repousou de toda obra que fizera”
(Gn 2,21)
Oremos:
Senhor Deus, nosso Pai e Criador. A beleza do universo revela a vossa grandeza, a sabedoria e o amor
com que fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tende por todos nós.
Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se
tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em devastação, e a morte mostra a sua presença no
nosso planeta.
Que nesta Quaresma nos convertamos e vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa
renascer segundo o vosso plano de amor, por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.
E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida, também nós, movidos pelos
princ ípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor, o ressurgimento
do vosso projeto para todo o mundo. Amém!
Leitura do Evangelho de Marcos, 2, 18-22:
Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas chegaram perto de
Jesus e disseram a ele:
Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam. Por que é que os discípulos do senhor não
jejuam?
Jesus respondeu:
Vocês acham que os convidados de um casamento jejuam enquanto o noivo está com eles? Enquanto
ele está presente, é claro que não jejuam! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do me io
deles; então sim eles vão jejuar!
Ninguém usa um retalho de pano novo para remendar uma roupa velha; pois o remendo novo encolhe e
rasga a roupa velha, aumentando o buraco. Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer
isso, os odres rebentam, o vinho se perde, e os odres ficam estragados. Por isso, o vinho novo é posto
em odres novos.
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- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
1. Introdução
É de conhecimento de todos que a CNBB adota desde a primeira Campanha da Fraternidade a
metodologia da Ação Católica. Metodologia consagrada como um instrumento eficaz para a ação pastoral
e evangelizadora do povo brasileiro.
A primeira parte da metodologia é o VER: olhar a realidade do mundo que nos cerca, os problemas e as
repostas aos desafios da vida contemporânea. Este olhar inicialmente é partilhado pela vivência e
experiência de cada um de nós no cotidiano das relações. Acrescido com olhar mais elaborado como os
dados e análises produzidos por campos científicos como a estatística, as ciências sociais e humanas,
entre outras. É reconhecer o terreno para saber onde e como estamos pisando neste chão.
Nesta quinta semana vamos começar a refletir sobre o segundo passo da metodologia: JULGAR. Os
grupos de leigos e de juventudes (agrária, estudantil, operária e universitária) da Ação Católica
iluminavam a realidade revelada pelo VER com a Palavra de Deus e os ensinamentos dos Santos Padres
(Patrística) e do Magistério da Igreja. Olhar para realidade e se perguntar: o que Deus espera de nós?
Como Deus olha para esta situação? Quais as respostas a serem dadas pela comunidade de fé? Como
ser discípulo missionário de Jesus Cristo nesta realidade? Qual o papel da Igreja diante destas situações?
Para o momento do JULGAR vamos fazer o exercício da oração constante e encarnada na vida do povo.
Olhar os sinais de Deus e ouvir a mensagem da comunidade de fé - a Igreja povo de Deus - para
responder conforme a proposta de construir uma nova sociedade e uma nova pessoa humana a luz da
mensagem de Jesus Cristo.
2. Um olhar teológico
 As mudanças climáticas e o aquecimento global já é fato. Vários países em diferentes
continentes estão sofrendo os reflexos destas mudanças de ordem planetária.
 No Brasil, o problema ambiental se agrava com a temporada de chuvas acrescida aos problemas
sociais de ordem de infra-estrutura e saneamento básico.
 A Igreja, comunidade de fé, não pode calar-se diante destes fatos. Ela tem a missão profética de
denunciar as situações e agressões. Como responsável pelo anúncio evangélico deve proc lamar
os sinais de vida, de salvação e as iniciativas que colaboram para superação dos problemas.
 Defender a vida é a primeira missão de todos os cristãos.
 A Palavra de Deus apresenta uma visão teológica sobre a Vida, a criação, o cuidado com a vida,
o respeito a leis da natureza, a relação entre a humanidade e o meio ambiente.
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3. Tópicos introdutórios
 Os principais pontos abordados pelo texto da CF 2011 são:
o O nosso Deus é o Deus da Vida
 Deus que é Pai e misericórdia infinita é o criador da Vida;
 Ele é quem nos faz filhos e filhas;
 Concede-nos a graça de gerar a vida e promovê-la em nossas relações;
 Dele recebemos toda benção, toda graça, paz, amor;
 Somos por Ele chamados a dar continuidade a vida, zelar, promover, produzir,
cultivar, organizar e cuida todas as demais formas de vida;
o O lugar do ser humano na criação
 Somos a imagem e semelhança do Pai;
 Colaboradores na continuidade da criação;
 Fazer da vida um louvor ao próprio criador;
 Cuidar-se para que a vida de Deus brote do nosso existir;
 Em cooperação e solidariedade zelar pela vida dos demais irmãos e da
natureza;
o Atualidade da advertência aos primeiros pais no paraíso
 Nosso progredir no campo cientifico ou tecnológico deve aplicar o princ ípio da
“precaução”, do cuidado para não agredir a Vida;
 A ameaça nasce a partir do momento que o espírito de dominação está sobre
tudo e todos, se coloca acima do respeito ao outro;
 O pecado original é quer ser Deus, cobiçar aos dons de Deus, monopolizar
Deus, tornar-se maior que Deus;
 O pecado é deixar-se conduzir pelo anseio e desejo de dominação e
subjugação do outro;
 Ignorar a dimensão da religião ou da fé na humanidade é limitar-se a
compreensão equivocada do que é a pessoa humana;
 Os avanços, o conhecimento, a tecnologia, a razão deve estar em função da
Vida humana;
 O dominar (dominus) irresponsável da pessoa humana sobre a natureza é uma
agressão e violência sobre o meio ambiente e sobre si mesmo;
Na próxima semana vamos continuar refletindo sobre os demais temas:
o O descanso e o sentido autêntico da criação
o O cuidado com a vida e suas fontes
o No deserto, uma lição de consumo responsável
o Entrando na terra prometida
o O que pode nos afastar de Deus
o A voz de Deus na natureza
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4. Trechos Bíblico para reflexão
1. Carta de São Paulo aos Romanos 8,22 (lema da CF 2011)
2. Gênesis 1, 1-12 (criação)
3. Gênesis 1,15-28 (a responsabilidade do ser humano na criação)
4. Gênesis 3,1-24 (queda dos primeiros pais no paraíso)
5. Êxodo 20 (os dez mandamentos)
6. Levítico 25,1-22 (ano sabático e o ano jubilar)
7. Deuteronômino 20,19-20 (respeito à natureza)
8. Deuteronômino 22,6-7 (respeito à natureza)
9. Deuteronômino 23, 13-15 (cuidados básicos)
10. Salmo 8 (lugar do ser humano na criação)
11. Salmo 104 (esplendor da criação)
12. Isaías 24,3-5 (conseqüências da agressão ao meio ambiente)
5. Indicação de Leitura
• BERNA, Vilmar Sidnei Demamam. Pensamento Ecológico. São Paulo: Paulinas, 2005.
• BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
• ___. Saber cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
• CNBB. A Construção de um novo Brasil – uma criação renovada. 4ª Semana Social Brasileira.
Brasília: 2006.
• CNBB. Mudanças Climáticas provocadas pelo aquecimento global. Brasília: 2009.
• FEAB. Cartilha: A quem serve a Transposição do Rio São Francisco. Minas Gerais: 2006.
• LEFF, Enrique. Saber Ambiental. Petrópolis: Vozes, 1998.
• MAB. MAB: Uma História de Lutas, Desafios e Conquistas. Bras ília: 2003.
• PACS. Cartilha: Água tem dono? Rio de Janeiro: 2006.
• WANSETTO, Rosilene et SILVA, Edson G. P. O. Ciclo de Debates: modelo de desenvolvimento
e o Projeto Popular para o Brasil. São Paulo: Rede Jubileu Sul Brasil: 2009. (distribuição de
exemplares – Tel.: (11) 2577 5948)
6. Exercício:
Considerando as calamidades públicas e as tragédias ocorridas nos últimos dias no Brasil e no
mundo, responder:
1) O que Deus espera de nós?
2) Como Deus olha para esta situação?
3) Quais as respostas a serem dadas pela comunidade de fé?
4) Como ser discípulo missionário de Jesus Cristo nesta realidade?
5) Qual o papel da Igreja diante destas situações?
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Envie para: cfonline@uol.com.br
Equipe responsável:
Armando Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
Conceição Aparecida Dell´Andrea – CF Setor Anchieta
David Trombelli – CEBs Região Episcopal Ipiranga
Edna Márcia Perez Pires – Catequese da Região Episcopal Ipiranga
Edson Silva – CF (Arquidiocesana/Região Episcopal Ipiranga)
Elenice de Souza Pandeiro – CF Setor Anchieta
Francisco Luiz Rodrigues – Engenheiro / Especialista em Resíduos Sólidos
José Miguel Justo – Casa da Solidariedade / Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
Maria Auxiliadora Galhano Silva (Dora) – CF Setor Vila Mariana
Neyde – CF Setor Ipiranga
Rosangela Macieal – CF Setor Imigrantes
Rosilene Wansetto – Rede Jubileu Sul Brasil
Teresita Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
ORGANIZAÇÃO:
Equipe Regional de CF – Região Episcopal Ipiranga
CF Arquidiocese de São Paulo
Apoio:
Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo
CLASP
www.claspnet.org.br
Conselho de Leigos da Região Episcopal Ipiranga- CLERI
CEBS – Região Episcopal Ipiranga
www.cebs-sul1.com.br
Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
COR
Casa de Solidariedade ao Desempregado
Região Episcopal Ipiranga
www.casadasolidariedade.org.br
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Instituto São Paulo de Cidadania e Política
www.cidadaniaepolitica.org.br
www.jubileubrasil.org.br

Modulo 4 da CF à Distância

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FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA
“A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22)
Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal Ipiranga
CURSO DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA A DISTÂNCIA
MÓDULO 4 - 4ª. Semana – VER: Agronegócio e o desmatamento
Caro(a) cursista,
Estamos na quarta semana de capacitação!
Inicie sua reflexão colocando-se em atitude de oração, abra-se para o Espírito de Deus e aclame com o salmista: As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!
Oremos:
Senhor Deus, nosso Pai e Criador. A beleza do universo revela a vossa grandeza, a sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tende por todos nós.
Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em devastação, e a morte mostra a sua presença no nosso planeta.
Que nesta Quaresma nos convertamos e vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa renascer segundo o vosso plano de amor, por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.
E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida, também nós, movidos pelos princípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor, o ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo. Amém!
Leitura do Evangelho de Mateus (4,12-17.23-25):
Naquele tempo, 12Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. 13Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, 14no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 15“Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galiléia dos pagãos! 16O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”.
17Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 23Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo. 24E sua fama espalhou-se por toda a Síria. Levavam-lhe todos os doentes, que sofriam diversas enfermidades e tormentos: endemoninhados, epilépticos e paralíticos. E Jesus os curava. 25Numerosas multidões o seguiam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia, e da região além do Jordão.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
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1. Introdução
A CNBB há mais de quarenta anos promove anualmente a Campanha da Fraternidade que são assumidas com gesto de unidade pastoral em todas as dioceses, paróquias e comunidades eclesiais no Brasil. É um verdadeiro ato de profetismo em defesa daqueles que são os primeiros no reino de Deus. É por meio desta ação em meio ao tempo litúrgico da Quaresma que se deseja provocar nas pessoas a conversão pessoal e a conversão social com mudanças que possam alterar as estruturas e paradigmas vigentes.
QUARESMA => TEMPO DE CONVERSÃO
=> PÁSCOA => VIDA NOVA
Neste sentido, podemos a afirmar que a CF de 2010 sobre Economia nos despertou para novas relações econômicas baseadas na justiça social, na igualdade e na distribuição da riqueza somada a CF de 2011 sobre a dimensão Ecológica e planetária que provocará reflexões e atitudes no sentido de preservar a vida no planeta. Estas duas temáticas concluem-se como numa trilogia com a proposta da CF de 2012 sobre Saúde Pública: garantia e o direito universal, gratuito e com qualidade à saúde pública a todos os brasileiros.
ECONOMIA + ECOLOGIA = SAÚDE PÚBLICA
Planeta Terra: vista do continente africano
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Nos módulos anteriores tivemos a oportunidade de adentrar as questões de ordem do AQUECIMENTO GLOBAL e em seguida sobre a QUESTÃO ENERGÉTICA. Agora vamos incluir uma terceira situação, preocupante e crescente, que é o DESMATAMENTO atrelado aos interesses do agronegócio.
“Em primeiro lugar importa ecologizar a política e a economia. Explico-me: importam entender sistemicamente todos os problemas. As questões econômicas, políticas, sociais, éticas e espirituais são interdependentes.” (Leonardo Boff em Jornal Santuário de Aparecida 17/11/2006)
A ação humana, por conta de paradigmas não adequados a convivência solidária e humana, vem acentuando os sinais de morte, de desigualdade, de exclusão e opressão.
2. Desmatamento
O verde de nossas matas é exaltado nos hinos e nas bandeiras com sinal de esperança: de um futuro promissor! Todos sabemos que o Brasil é um país de grande extensão e todo ele é ocupado por grandes extensões verdes das matas e das florestas.
Por conta de sua localização no planeta e próximo a linha do Equador podemos destacar algumas das suas características: de temperatura tropical, de muitas terras, de imensa costa litorânea, de uma biodiversidade invejável, com ecossistemas interligados (...), de fauna e flora exótica.
Inicialmente terra de povos indígenas, depois ocupada por homens brancos de cultura européia (português e depois por tempo curto pelos holandeses e franceses). Já no período colonial e imperial destaca-se como território estratégico para a economia internacional, assume o perfil de uma colônia produtora de bens primários, por meio das rotas escravocratas do tráfico negreiro adota a mão de obra escrava. Após crise deste modelo, já no período republicano, aprimora seu potencial desenvolvimentista industrial. Tudo isso dentro de uma cultura de usufruir ao máximo as riquezas naturais disponíveis no território brasileiro.
Vale ressaltar que da miscigenação entre índios nativos, portugueses, negros africanos e posteriormente com grupos de migrantes europeus, surge uma nação de brasileiros: homens e mulheres que se
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orgulham de sua terra, de sua história e de sua riqueza. Este processo cultural foi marcado por muita violência, opressão e morte. Seu construiu um povo entre a ordem e desordem, entre a dependência e a independência, meio aos sinais de esperança que brotaram em meio à escuridão.
Desde o período colonial o Brasil vem sendo explorado, pelos interesses internos e externos, como um grande produtor de riqueza natural que gera a riqueza econômica de poucos (da elite rural) que se utilizam das terras para produzir alimentos e exportar-los para outros países.
Atualmente o problema não está apenas no produzir alimentos ou gerar riquezas. O problema está no fato de que o modelo adotado para a produção dos alimentos adota práticas e tecnologias cada vez mais selvagens na medida em que agride a própria natureza com a utilização não adequada de componentes químicos, tecnologia que exigem a produção em larga escala e de forma contínua, entre outras. O outro problema está no fato de que a riqueza gerada neste setor econômico produtivo não é distribuída de forma equitativa, pelo contrário, fica restrito aos pequenos grupos de proprietários de terras conhecido como latifundiários.
Os latifundiários com o objetivo de produzir em larga escala e atender a demanda do mercado internacional não se contentam com as terras já disponíveis para o plantio de cana de açúcar, de soja, de milho, de algodão, de café e até mesmo da pecuária bovina.
Não bastam as terras do sul para a pecuária; não bastam as terras do sudeste para a produção agrícola; não bastam as terras cultiváveis em solo e temperaturas adequadas dos ecossistemas.
O interesse do capital avança sobre novos territórios ou terras antes ocupadas pela agricultura familiar para invadir, por exemplo, as terras na região sul do país com o plantio da monocultura de eucaliptos provocando o chamado “deserto verde”. Substituem-se as florestas nativas por florestas artificiais com o plantio de arvores para atender a demanda de produção de celulose.
O desmatamento da Floresta Amazônica, uma afronta à crise global do clima.
O desmatamento de toda e qualquer floresta é uma violência contra a humanidade!
Tamanha é a ganância dos grandes produtores que não bastam aos solos já existentes... é preciso avançar sobre outros ecossistemas como o do Pantanal ou da Floresta Amazônica para produzir mais e exportar mais: sementes e carnes.
O avanço dos interesses do setor agrícola e pecuário sobre novos espaços tem gerado o que denominamos como AGRONEGÓCIO: agricultura voltada para a produção em larga escala para atender principalmente o mercado externo a base da monocultura e com utilização de novas tecnologias, dentre elas o uso do plantio de sementes transgênicas.
Portanto, o DESMATAMENTO provocado principalmente pelos interesses do AGRONEGÓCIO é uma violência contra a vida no planeta.
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“O tipo de desenvolvimento e de educação dominante está destruindo o planeta Terra. Em nome do desenvolvimento exploram-se de forma ilimitada todos os recursos para que haja mais e mais consumo, sem o qual o sistema econômico-financeiro se funda.” (Leonardo Boff)
Portanto podemos concluir que o agronegócio é um pecado social, pois tem apenas como meta a acumulação de riqueza nas mãos de poucos, garante o acesso ao direito a alimentação apenas aos que possuem renda, destrói a agricultura familiar e agride violentamente a natureza.
A política de desenvolvimento nacional, regional e local deve incluir prioritariamente em suas diretrizes e princípios o respeito à biodiversidade local e a promoção de economias solidárias que garantam à todas as pessoas o acesso ao meio ambiente saudável, a alimentação, trabalho e todos os demais direitos fundamentais e sociais da pessoa humana.
O modelo de desenvolvimento atual deve ser revisto e debatido por toda a sociedade para que o Brasil tenha um projeto que seja adequado a sua biodiversidade, território, clima, por fim o respeito aos seus vários ecossistemas e ao desenvolvimento humano.
Se nossa biodioversidade continuar sendo agredida as consequencias deste modelo poderá gerar a médio e longo prazo problemas gravíssimos: aumento da população pobre e vulnerável, perda biodiversidade, alterações climáticas, diminuição na produção dos alimentos, dificuldade de acesso aos alimentos, diminuição da água potável, enfraquecimento do solo, entre outros.
Segundo o relatório “Planeta Vivo 2006” do Fundo Mundial para a Natureza antes de 2050 necessitaremos de dois planetas Terra para suprir a demanda da humanidade. James Lovelock, autor da Teoria Gaia, adverte que até o fim deste século 80% da população humana desaparecerá em conseqüência do superaquecimento da Terra e o território brasileiro será quente e seco para ser habitado.
É fundamental que todas as instituições públicas e privadas, juntamente com a sociedade civil organizada e os movimentos sociais e populares exijam que o Brasil seja um país sustentável. Portanto que se aplique o principio da sustentabilidade na política de desenvolvimento e na economia:
SUSTENTABILIDADE: é um conceito de consumo sustentável. É expresso pelo Relatório do Desenvolvimento Humano/PNUD, 1998 (p. 02) como “é o consumo que contribui para o desenvolvimento humano, quando aumenta suas capacidades, sem afetar adversamente o bem-estar coletivo, quando é tão favorável para as gerações futuras como para as presentes, quando respeita a capacidade de suporte do planeta e quando encoraja a emergência de comunidades dinâmicas e criativas”.
Fundamental o papel das Igrejas e das religiões para que o planeta seja preservado, o meio ambiente cuidado e garantido a existência de toda e qualquer biodiversidade. As comunidades religiosas devem enfrentar a “ética do egoísmo” culturalmente imposta por uma economia capitalista selvagem e propor a todos o desenvolvimento da ética do cuidado.
As religiões poderão colaborar com a revisão dos valores vigentes entrando no debate de superação do desenvolvimento apenas como progresso material baseado no consumo e contribuindo com uma nova
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mística/espiritualidade/religiosidade de afirmação do desenvolvimento cultural, espiritual, educacional, relacional da humanidade em todas as direções: com as coisas, a natureza, seus semelhantes e Deus.
3. Indicação de Leitura
• BERNA, Vilmar Sidnei Demamam. Pensamento Ecológico. São Paulo: Paulinas, 2005.
• BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
• ___. Saber cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
• CNBB. A Construção de um novo Brasil – uma criação renovada. 4ª Semana Social Brasileira. Brasília: 2006.
• CNBB. Mudanças Climáticas provocadas pelo aquecimento global. Brasília: 2009.
• FEAB. Cartilha: A quem serve a Transposição do Rio São Francisco. Minas Gerais: 2006.
• LEFF, Enrique. Saber Ambiental. Petrópolis: Vozes, 1998.
• MAB. MAB: Uma História de Lutas, Desafios e Conquistas. Brasília: 2003.
• PACS. Cartilha: Água tem dono? Rio de Janeiro: 2006.
• WANSETTO, Rosilene et SILVA, Edson G. P. O. Ciclo de Debates: modelo de desenvolvimento e o Projeto Popular para o Brasil. São Paulo: Rede Jubileu Sul Brasil: 2009. (distribuição de exemplares – Tel.: (11) 2577 5948)
4. Exercício:
1) Você já parou para pensar que como o agronegócio é uma violência para o meio ambiente?
2) Você pode adotar a prática de um consumo responsável? Como?
3) Quais são as conseqüências por uma sociedade marcada apenas pelos interesses econômicos em detrimento dos valores humanos e da riqueza natural?
Envie para: cfonline@uol.com.br
Equipe responsável:
Armando Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
Conceição Aparecida Dell´Andrea – CF Setor Anchieta
David Trombelli – CEBs Região Episcopal Ipiranga
Edna Márcia Perez Pires – Catequese da Região Episcopal Ipiranga
Edson Silva – CF (Arquidiocesana/Região Episcopal Ipiranga)
Elenice de Souza Pandeiro – CF Setor Anchieta
Francisco Luiz Rodrigues – Engenheiro / Especialista em Resíduos Sólidos
José Miguel Justo – Casa da Solidariedade / Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
Maria Auxiliadora Galhano Silva (Dora) – CF Setor Vila Mariana
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Neyde – CF Setor Ipiranga
Rosangela Macieal – CF Setor Imigrantes
Rosilene Wansetto – Rede Jubileu Sul Brasil
Teresita Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
ORGANIZAÇÃO:
Equipe Regional de CF – Região Episcopal Ipiranga
CF Arquidiocese de São Paulo
Apoio:
Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo
CLASP
www.claspnet.org.br
Conselho de Leigos da Região Episcopal Ipiranga- CLERI
CEBS – Região Episcopal Ipiranga
www.cebs-sul1.com.br
Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
COR
Casa de Solidariedade ao Desempregado
Região Episcopal Ipiranga
www.casadasolidariedade.org.br
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Instituto São Paulo de Cidadania e Política
www.cidadaniaepolitica.org.br
www.jubileubrasil.org.br

Modulo 3 da CF à Distância

FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA
“A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22)
Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal Ipiranga
CURSO DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA A DISTÂNCIA
MÓDULO 3 - 3ª. Semana – VER: Questão Energética
Caro(a) cursista,
Estamos na terceira semana de capacitação!
Inicie sua reflexão colocando-se em atitude de oração diante de Deus, abra-se para o Espírito e ouça o convite de João Batista: Ouço uma voz vinda da montanha: preparai o caminho do Senhor!.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Amém!
Oremos:
Senhor Deus, nosso Pai e Criador. A beleza do universo revela a vossa grandeza, a sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tende por todos nós.
Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em devastação, e a morte mostra a sua presença no nosso planeta.
Que nesta Quaresma nos convertamos e vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa renascer segundo o vosso plano de amor, por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.
E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida, também nós, movidos pelos princípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor, o ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo. Amém!
Leitura do Livro do profeta Isaías (11, 1-10):
Naqueles dias, nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios.
Cingirá a cintura com a correia da justiça e as costas com a faixa da fidelidade. O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. Não haverá danos nem mortes por todo o meu santo monte; a terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto às águas que cobrem o mar.
Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada.
- Palavra do Senhor.
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1. Questão Energética
Inicialmente temos uma série de fatos e fenômenos a apresentar para entender o que é a QUESTÃO ENERGÉTICA na atualidade. São eles:
Na primeira fase da revolução industrial as maquinas eram movidas a vapor;
Depois substituída pelo carvão (matriz fóssil de energia):
o ALTAMENTE POLUIDORA
A Industrialização vai se intensificando e novas tecnologias são aplicas e novas fontes de energias são adotadas: a base do petróleo (matriz fóssil de energia), da energia elétrica (geradas por grandes usinas hidrelétricas) e pela energia nuclear;
A ENERGIA é um recurso muito importante não apenas para o setor econômico e produtivo de uma sociedade. Ela é principalmente um instrumento de garantia para promoção da qualidade de vida das pessoas e suas respectivas famílias:
PASSADO - 1910
HOJE - 2010
Luz a base de querosene ou vela;
Iluminação a base da energia elétrica;
Não havia como conservar os alimentos por muito tempo;
Os alimentos podem ser conservados em geladeiras;
Não existiam equipamentos eletrônicos;
Grande parte das residências possui equipamentos eletrônicos que dependem da energia elétrica;
As ruas, vielas e passeios não eram iluminados;
Grande parte das ruas de uma cidade é iluminada
Como o passar do tempo, a produção de novos conhecimentos, o desenvolvimento tecnológico e o aumento da produção em escalas superiores podemos afirmar que o MODO DE VIDA produzido artificialmente e assimilado culturalmente pela maioria da população vem provocando os problemas que já abordamos: Aumento da poluição do ar, da terra e da água; Aquecimento global; Diminuição de áreas verdes nos grandes centros urbanos; O uso dos recursos da natureza de forma irresponsável e em função do lucro;
Por fim, concluímos com o item 33 do Texto Base da CF 2011: “O impressionante desenvolvimento econômico alcançado com a industrialização foi possibilitado por matrizes energéticas renováveis e não renováveis”.
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Quais são as principais matrizes energéticas?
Matrizes não renováveis são aquelas que se encontram na natureza em quantidade limitada:
o Combustíveis fósseis:
 Carvão
 Petróleo
 Gás Natural
o Urânio (matéria que produz por fissão ou fusão nuclear)
SÃO CONHECIDAS TAMBÉM COMO ENERGIA CONVENCIAL, POIS É A MAIS UTILIZADA!
TAMBÉM SÃO DENOMINADAS COMO ENERGIA SUJA, POIS PROVOCA DANO A NATUREZA:
- destruição das florestas e da flora em geral;
- contaminação de solos e águas;
- provoca dano à saúde humana;
Matrizes renováveis são aquelas que se encontram também na natureza, são autóctones e não poluentes:
o Energia solar
 O Brasil, com sua dimensão territorial e localização próxima da linha do Equador, encontramos esta fonte com grande disponibilidade;
 Onde está o problema? No custo do equipamento para capactação da energia solar;
 Onde está a solução? No investimento público para aprimorar a tecnologia e favorecer a aquisição por parte dos cidadãos;
 Onde pode ser usada? A energia produzida pode ser usada para o aquecimento da água, no uso de elevadores residencial ou de pequenos edifícios, na iluminação de áreas coletivas, etc;
o Energia eólica
 Também aqui podemos dizer que o Brasil se destaca por conta do tamanho da costa litorânea;
 É necessária a ampliação desta rede que permite usar os ventos como força para produzir a energia;
o Energia hídrica
 No período desenvolvimentista no Brasil da década de 50 e seguintes, muito se construiu as usinas hidrelétricas;
 Porém a problemas que merecem ser destacados: descolamento de populações de territórios, a perda do ecossistema originário do local a ser implantada a barragem, a vida das espécies aquáticas não sobrevivem;
o Energia oceânica
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 Novamente temos aqui grande potencial de captação de energia a partir das
ondas e do movimento das marés;
 Falta investimento suficiente por parte do poder público;
o Energia geotérmica
 Novamente temos aqui grande potencial de captação de energia a partir do
calor subterrâneo;
 Falta investimento suficiente por parte do poder público;
o Biomassa
 É a energia produzida na combustão de materiais vegetais como bagaço da
cana moída;
 É uma fonte poluente;
Na verdade, todas são inesgotáveis em termos, pois depende das condições climáticas e da própria
natureza. Outra importante observação, mesmo a utilização em excesso e irresponsável das energias
acima a ação humana provocará alterações na ordem da própria natureza;
Como observamos há uma grande diversidade de formas de se produzir energia de forma responsável e
equilibrada, diminuindo inclusive a interferência humana sobre as condições da natureza. Mas tanto o
poder público e principalmente o setor econômico da sociedade não tomam uma atitude decisiva no
sentido de definir um plano de desconcentração de um único modelo energético e a adoção de novas
matrizes (no caso, renováveis e limpas) a médio e longo prazo.
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Argumentam que os investimentos aplicados nas fontes energéticas a base de combustíveis fósseis e de usinas hidrelétricas são ainda necessários para o maior aproveitamento destes recursos. A situação, no caso brasileiro, é ainda mais preocupando com a descoberta de petróleo na camada do pré-sal na região sudeste do país.
Texto Base, item 39: ... O grande problema é que o mercado gerenciador e a indústria que opera na produção destas energias não pretendem perder esta fonte de lucro. Assim, se os governos não tomarem iniciativas firmas e liderarem esta mudança de paradigma, a situação tende a agravar-se.
Enquanto há um esforço crescente da sociedade civil, das igrejas, dos movimentos ambientalistas em começar um processo de conscientização e de mudança de comportamento para preservar o meio ambiente e a própria vida humana os Estados e as grandes corporações empresariais ainda insistem em manter a produção de bens a base de mecanismos que aceleram a deterioração do meio ambiente: Maior produção, leva a: Maior emissão de gazes poluentes, que provoca: O efeito estufa, e por conseqüência: O Aquecimento Global se intensifica.
Processo este associado também a lógica de um consumo irresponsável, poluidor, desnecessário, desigual e desumano.
A fim de conter a emissão de gases poluentes na atmosfera os países industrializados definiram que entre os anos de 2008 a 2012 seria reduzido em 5,2% a emissão de gases de efeito estufa. Este acordo ficou conhecido como PROTOCOLO DE KYOTO, que infelizmente o que não ocorreu até o presente momento.
Agora estamos assistindo a implementação de uma política NEODESENVOLVIMENTISTA no Brasil que é preocupante:
 76% da emissão de gases no Brasil se dá por conta do uso da terra (parte dele provocados pelos desmatamentos e queimadas);
 Somente 24% é da emissão de gás por conta de uso de combustíveis fósseis;
 Preocupante os PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) que estabelece a criação de novas usinas hidrelétricas na região da Amazônia;
 Atenção para os possíveis acesos na reativação da produção de energia atômica;
 Como em outras CFs a Igreja Católica vem reafirmando a importância da preservação da Amazônia e da biodiversidade, inclusive a riqueza cultural e a ecologia humana ali presente;
 Muito se argumenta sobre os lucros do uso do petróleo da camada do Pré-Sal e pouco se fala dos danos ambientais;
Veja a conclusão no Texto Base número 43:
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A LÓGICA DESTES PROJETOS ENERGÉTICOS ESTÁ NA CONTRAMÃO DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA DIMINUIR OU CONTER O AQUECIMENTO GLOBAL E IMPDIR QUE A DESESTABILIZAÇÃO DO CLIMA COLOQUE EM RISCO AS CONDIÇÕES DE VIDA NO PLANETA.
A LÓGICA NEODESENVOLVIMENTISTA, ILUSTRADA PELO PAC, ATENDE, ESPECIALMENTE, A INTERESSE DO CAPITAL, DE INVESTIDORES, DA INDÚSTRIA DAS GRANDES OBRAS, ÁVIDOS POR LUCRO.
CERTAMENTE, A CONSEQUENCIA IMEDIATA É A DÚVIDA SOBRE AS REAIS INTENÇÕES DO BRASIL EM RELAÇÃO AO COMPROMISSO DE CONTRIBUIR PARA O CONTROLE DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA.
2. Indicação de Leitura
• BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
• ___. Saber cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
• UNGER, Nancy Mangabeira. O encantamento do Humano. Ecologia e espiritualidade. São Paulo: Loyola, 1991.
• VVAA. Cuidar o futuro. Um programa radical para viver melhor. Lisboa: Trinova Editora.
• TRIGUEIRO, André. Meio ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
• GOMES NETO, Emílio Hoffmann. Hidrogênio, evoluir sem poluir. Curitiba: Brasil H2 Fuel Cell Energy, 2005.
• MOREIRA, Alberto da Silva. O dom da terra. Leitura teológica dos conflitos agrários no Brasil. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco/ Comissão Pastoral da Terra, 2006.
3. Exercício:
1) Quais as atitudes que você pode adotar na sua vida familiar e residência para diminuição do uso de energia?
2) Você considera justo que o custo da energia usada para atender as necessidades humanas seja mais cara que a energia utilizada pelos grandes empreendimentos comerciais e industriais?
3) Você conhece o MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens? Faça uma pesquisa e relate quais são suas principais lutas.
4) Complete o quadro comparativo entre o passado e o hoje nas mudanças de ordem pessoal, familiar e social:
PASSADO - 1910
HOJE - 2010
Luz a base de querosene ou vela;
Iluminação a base da energia elétrica;
Não havia como conservar os alimentos por muito tempo;
Os alimentos podem ser conservados em geladeiras;
Não existiam equipamentos eletrônicos;
Grande parte das residências possui equipamentos eletrônicos que dependem da energia elétrica;
As ruas, vielas e passeios não eram iluminados;
Grande parte das ruas de uma cidade é
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iluminada
Envie para: cfonline@uol.com.br
Contato:
Edson Silva – Coordenador da CF Região Episcopal Ipiranga e Arquidiocese de São Paulo
E-mail: cfonline@uol.com.br
Equipe responsável:
Armando Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
Conceição Aparecida Dell´Andrea – CF Setor Anchieta
David Trombelli – CEBs Região Episcopal Ipiranga
Edna Márcia Perez Pires – Catequese da Região Episcopal Ipiranga
Edson Silva – CF (Arquidiocesana/Região Episcopal Ipiranga)
Elenice de Souza Pandeiro – CF Setor Anchieta
Francisco Luiz Rodrigues – Engenheiro / Especialista em Resíduos Sólidos
José Miguel Justo – Casa da Solidariedade / Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
Maria Auxiliadora Galhano Silva (Dora) – CF Setor Vila Mariana
Neyde – CF Setor Ipiranga
Rosangela Macieal – CF Setor Imigrantes
Rosilene Wansetto – Rede Jubileu Sul Brasil
Teresita Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
ORGANIZAÇÃO:
Equipe Regional de CF – Região Episcopal Ipiranga
CF Arquidiocese de São Paulo
Apoio:
Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo
CLASP
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www.claspnet.org.br
Conselho de Leigos da Região Episcopal Ipiranga- CLERI
CEBS – Região Episcopal Ipiranga
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Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
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Modulo 2 CF à distância

FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA“A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22)
Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal Ipiranga
CURSO DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA A DISTÂNCIA
MÓDULO 2 - 2ª. Semana – VER: Aquecimento Global
Caro(a) cursista,
Estamos na segunda semana de capacitação!
Inicie sua reflexão colocando-se em atitude de oração diante de Deus, abra-se para o Espírito e ouça o
convite de Jesus Cristo: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Sant o! Amém!
Oremos:
Senhor Deus, nosso Pai e Criador. A beleza do universo revela a vossa grandeza, a sabedoria e o amor
com que fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tende por todos nós.
Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se
tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em devastação, e a morte mostra a sua presença no
nosso planeta.
Que nesta Quaresma nos convertamos e vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa
renascer segundo o vosso plano de amor, por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.
E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida, também nós, movidos pelos
princ ípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor , o ressurgimento
do vosso projeto para todo o mundo. Amém!
Leitura do livro do Apocalipse de São João
Eu João, Eu vi ainda uma nuvem branca, sobre a qual se sentava como que um Filho do Homem, com a
cabeça cingida de coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do templo, gritando em voz
alta para aquele que estava assentado na nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de
ceifar, pois está madura a seara da terra. O Ser que estava assentado na nuvem lançou então a foice à
terra, e a terra foi ceifada. Outro anjo saiu do templo do céu. Tinha também uma foice afiada. E outro
anjo, aquele que tem poder sobre o fogo, saiu do altar e bradou em alta voz para aquele que tinha a foice
afiada: Lança a foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra, porque maduras estão as suas uvas.
O anjo lançou a sua foice à terra e vindimou a vinha da terra, e atirou os cachos no grande lagar da ira de
Deus. - Palavra do Senhor.
2
CONVITE:
LANÇAMENTO DO TEXTO BASE – CF 2011
CNBB REGIONAL SUL 1
Dia 26 de novembro de 2010 - Às 19h30
Local: Sede da CNBB Sul 1 – Rua Conselheiro Ramalho, 726 (Travessa da Avenida Brigadeiro
Luiz Antonio)
O Texto-base da CF (Campanha da Fraternidade) de 2011, cujo tema é Fraternidade e a Vida no Planeta, e lema “A
criação geme em dores de parto”, será lançado em 26 de novembro, às 20h, no auditório da sede do Regional Sul 1 da
CNBB.
O lançamento é promovido pela coordenação da CF do Regional Sul 1 da CNBB. Na ocasião, estarão presentes alguns
bispos, além de especialistas no assunto. A entrada é franca.
É necessário confirmar presença pelo telefone (11) 3253-6788 ou através do e-mail cnbbs1@cnbbsul1.org.br, até
o dia 25 de novembro.
Neste ano, o objetivo da Campanha é colocar em discussão nas dioceses e comunidades, temas como mudanças
climáticas, efeito estufa, a questão energética, desenvolvimento, preservação da vida, agronegócio, biodiversidade e a
água.
A Campanha da Fraternidade terá início na Quarta-feira de Cinzas, 9 de março de 2011, e se estende por toda a
Quaresma.
1. Aquecimento Global
Uma das grandes preocupações da CF 2011 é o AQUECIMENTO GLOBAL. Ao refletir sobre esta
temática devemos abordando as questões relacionadas ao CLIMA:
CLIMA é o é a sucessão habitual dos tipos de tempo num determinado lugar da sup erfície terrestre.
"É importante conhecer os fatores climáticos benéficos ao homem, como a
luminosidade, os ventos, a pluviosidade e o calor, e saber como utilizá-los
sabidamente. Aqueles que trazem prejuízos, como secas, tempestades,
enchentes, geadas e furacões, não podem ser encarados como inevitáveis,
pois, com conhecimento e ação eficiente, podem ser controlados. Ou, ainda,
podem-se criar condições para enfrentar suas conseqüências. É o que o
geógrafo Milton Santos denomina controle passivo da natureza" (OLIVA, Jaime
e GIANSANTI, Roberto. espaço e Modernidade: temas da geografia Mundial.
Atual. p. 271. 2001).
De forma simples podemos concluir que as mudanças climáticas ocorrem, em parte, por conta dos
processos da própria natureza e do planeta Terra em relação aos fenômenos ligados a ordem e a
desordem do universo. Ou seja, são processos naturais.
Neste período vamos encontrar situações como:
 Queda de meteoritos
 Erupções vulcânicas
 Variações na orbita da terra
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 Vendavais, tempestades e furações
 Terremotos e abalos sísmicos
 Períodos entre intenso calor e frio acima da média da temperatura
Com o advento da modernidade e da revolução industrial nos últimos 500 anos e o desenvolvimento da
técnica e do conhecimento humano o clima vem sendo alterado para temperaturas mais altas provocando
o aquecimento global.
A atividade humana por meio do trabalho e da ciência tem pautada suas ações com o objetivo de garantir
melhores condições de vida, o conforto e facilidades para vida a humana.
A causa do aquecimento global é a contínua e crescente emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs):
 Gases resultantes do processo natural do planeta;
 Gases resultantes do processo de industrialização e urbanização acelerada;
Aquecimento Global
O Clima é “resultante de muitos fatores, inclusive dos seres que integram a
biodiversidade que ele hospeda. (TB 2011 – No. 9)
A ação humana e suas relações com o meio ambiente, do qual ele também é parte integrante, é um dos
determinantes para o clima. Portanto, o aquecimento global é a elevação dos valores médios da
temperatura na superfície do planeta:
em 1900 a temperatura média era de 15º C –
]
em 2010 a temperatura média é de 14,5º C –
O aquecimento global de 0,5º C da temperatura pode aparecer inicialmente como algo insignificante,
porém ele vem produzindo:
- o degelo dos pólos árticos e antárticos;
- o avanço das águas litorâneas, podendo em 50 anos inundar várias cidades litorâneas;
- a eliminação de inúmeros micro-organismos (unicelulares), espécies marítimas, entre outras;
- ocorrências sucessivas de terremotos, maremotos, vendavais, furações e inundações;
- a alteração do período das quatro estações, tornando o outono prolongamento do verão e a
primavera o prolongamento do inverno;
A principal causa do aquecimento global é ação humana por conta do modelo de desenvolvimento
adotado e modo de vida hegemônico. Tanto o “neodesenvolvimentismo” bem como o modo de vida é
determinado pelos interesses do neoliberalismo que estabelece as regras do mercado e a lógica do
capital que se concretiza na vida das pessoas no fenômeno do consumismo.
4
Efeito Estufa
O Efeito Estufa não é uma novidade para os cientistas. Ele sempre existiu! Pois a própria natureza emite
seus gazes e estes funcionam como reguladores da radiação solar, permitindo de tempos em tempos a
alteração do clima, que busca de forma natural o equilíbrio do calor. Ele é importante no clico da vida com
a produção e absorção em processos naturais.
O Texto Base da CF 2011 (nº 12) afirma que o efeito estufa é importante para o equilíbrio do Clima. Veja:
“O efeito estufa é um processo natural, sem o qual a temperatura na superfície terrestre
seria, durante o dia, muito quente e à noite, muito fria. Assim podemos dizer que o efeito
estufa é uma espécie de “instrumento”, mediante o qual a Terra oferece uma
temperatura média constante, necessária para a vida.”
O maior problema está com a aceleração e o crescimento industrial e o aumento das emissões de gazes
produzidos pelas relações econômicas: continuamente e progressivamente são em itidos os gazes
carbônico, metano, ozônio, entre outros. Portanto, ele é intensificado pelo uso humano dos combustíveis
fósseis, dos oceanos, da matéria viva e da própria atmosfera.
Todos estes gases (GEEs) formam uma camada a superfície da Terra e o espaço, criando uma barreira
na atmosfera da Terra impedindo que a radiação solar emitida e refletida da Terra para o universo volte
ao espaço.
O Sol emite os seguintes raios:
 infravermelho
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 ultravioleta
A radiação solar (infravermelha) refletida pela Terra retorna para a superfície, aumentando assim a
temperatura e alterando o Clima.
Os raios solares emitidos são:
 50% dos raios são refletidos da atmosfera para o espaço, não atingfido a superfície da Terra;
 45% dos raios atingem a superfície da Terra:
o Deste 10% é irradiado de volta par ao espaço;
 Outros 17% são absorvidos pelas camadas inferiores sendo refletidos novamente para a Terra
Os raios infravermelhos são absorvidos pelo dióxido de carbono (CO2) e por vapores de água. Os raios
ultravioletas são absorvidos pelo Ozônio.
É preciso garantir que o ciclo vital em relação ao Efeito Estufa e ao Aquecimento Global considere a
lógica da própria natureza. Como por exemplo o processo de transformaç ão do Oxigênio em Gás
Carbônico e depois no processo de fotossíntese em Oxigênio.
O CO2 produzido pelos processos vitais: os seres vivos respiram oxigênio e aspira CO2;
As plantas absorvem o CO2 e liberam oxigênio (processo conhecimento como fotossíntese)
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Agora é preciso considerar os outros processos de emissão de CO2:
 Queima de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo)
 Derrubada de florestas (a devastação com a queimada produz CO2 e dificulta o processo natural
de fotossíntese)
 Ação de setores da economia interessados no agro-negócio;
o Alterações do uso do solo
o Monocultura de cana de açúcar, soja, milho e outros;
o Urbanização e adensamento das cidades provocados pela especulação imobiliária e
setor da construção civil;
2. Indicação de Leitura
Consciência Planetária e Religião – Desafios para o Século XXI
Orgs.: Pedro A. Ribeiro de Oliveira e José Carlos Aguiar de Souza
Editora Paulinas
DVD A Criação de Deus
Direção: Jurema Andreolla
Editora Paulinas
3. Exercício:
1) Como você observa no dia-dia o fenômeno do aquecimento global? Em que situações?
2) No seu ponto de vista: é possível algum tipo de ação individual (de compromisso pessoal) que
possa diminuir o aquecimento global?
3) Como abordar esta questão na família e na comunidade?
Envie para: cfonline@uol.com.br
Contato:
Edson Silva – Coordenador da CF Região Episcopal Ipiranga e Arquidiocese de São Paulo
E-mail: cfonline@uol.com.br
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Armando Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
Conceição Aparecida Dell´Andrea – CF Setor Anchieta
David Trombelli – CEBs Região Episcopal Ipiranga
Edna Márcia Perez Pires – Catequese da Região Episcopal Ipiranga
Edson Silva – CF (Arquidiocesana/Região Episcopal Ipiranga)
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Elenice de Souza Pandeiro – CF Setor Anchieta
Francisco Luiz Rodrigues – Engenheiro / Especialista em Resíduos Sólidos
José Miguel Justo – Casa da Solidariedade / Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
Maria Auxiliadora Galhano Silva (Dora) – CF Setor Vila Mariana
Neyde – CF Setor Ipiranga
Rosangela Macieal – CF Setor Imigrantes
Rosilene Wansetto – Rede Jubileu Sul Brasil
Teresita Souza Amaral – Instituto São Paulo de Cidadania e Política
ORGANIZAÇÃO:
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CF Arquidiocese de São Paulo
Apoio:
Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo
CLASP
www.claspnet.org.br
Conselho de Leigos da Região Episcopal Ipiranga- CLERI
CEBS – Região Episcopal Ipiranga
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Centro Oscar Romero de Direitos Humanos
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Região Episcopal Ipiranga
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Instituto São Paulo de Cidadania e Política
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